Do que sonhava a idade
- Patrícia Claudine Hoffmann
- 29 de out. de 2023
- 1 min de leitura
A sequência dos trigais
não se eleva em desistir.
Subsemente convoca-me
às geografias do solo: repete-me
sem dor e sem estilo.
Tranquilo abismo
de turvas nomenclaturas.
Agricultura interior
arando o peito...
colheita adentro.
Meus ossos crescidos.
Fratura em flor. Pele. Tecidos.
Tudo mais simples
do que sonhava a idade
plena de livros.
Cerimônia e silêncio me esperam
no lado de fora
do obstáculo.
O sono escuro. Exato.
Estábulos circundam a noite,
e seus cavalos de pensar
pretendem ficar mais amplos.
Pelos garimpos do que não tenho,
cabelos dormidos de engenhos
e escombros.
Arrombam o calendário escasso.
Enquanto os números machucados antecipam com as luas as lutas...
Cada pedra é pão que não se cumpriu.
■
■
____________________(in Feito Vértebras de Colibris, Marianas Edições, 2017) #patríciaclaudinehoffmann #patriciaclaudinehoffmann #feitovértebrasdecolibris #marianasedições #coletivomarianas #poesiacontemporanea

Ilustração: Beatriz Martin Vidal, via Pinterest.
Comments