poema de Jussara Salazar
- Patrícia Claudine Hoffmann
- 25 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
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Meu corpo é um oceano esférico com peixes boreais|
Dionísio brinda
Águas fluem desde myanmar para tecer um futuro
E levar os trens
Que passam rápido pela estação de arroios
Donde lê-se que toda ciência no futuro
Será exactamente verdade será exactamente inverdade
Um oceano esférico que aguarda |vampyroteuthis infernalis
Águas fluem antigas e medusas cristalinas leem o futuro
Enquanto os carros passam rápidos
E cada clamor de seus motores
Enchem o ar de ondas escuras que sonham a infância
Um oceano esférico
Onde as mulheres do oriente colhem arroz
Águas fontanas fios de seda
Tecidos sem a angústia mecânica
Enquanto navegam os barcos e elas cantam
Como um coro de meninas colhem flores aquáticas
Um oceano esférico deslocado deformado|
Metamorfose anamorfose
Águas estriadas por guerras para destecer um passado
Sob o olhar teatral de um deus impossível
Enquanto os tentáculos do tempo
Armam cenas humanas
Um oceano esférico e imaginário
Que abraça Beatriz e Dante
E revira na tela a imagem do barco para que Ulisses
Sempre retorne à imaginárias Ítacas
Para que a velha ama lave seus pés cansados da guerra
Um oceano esférico que abre cicatrizes em nosso útero
E eleva-se como o fez occam|malin génie
Cartesiano|sobre o mundo
Quando éramos a carne e o sangue
O corpo e o espírito|o desregramento dionisíaco
Um oceano esférico chamado humano
Oh se me fosse possível eu o faria ser mil anos antes
E retornaria ao mundo e às feridas | corpo anticorpo
Ao colo da terra
Agora coberta por esta estranha perfeição
Eu sentaria na estação de arroios
E sentiria a dor e a fome
E o estremecimento de trens humanamente lotados
E escutaria o coração de homens e mulheres à espera na beira do cais
Ergo sum qui sum [_deus ex-machina_] Exílio.
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//corpo de peixe em srabesco //estação de arroios\\ img tema mark rothko\\
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(texto e imagem via facebook da autora)

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